quarta-feira, 2 de março de 2016

Elevada precisão diagnóstica na peritonite infeciosa felina a partir da contagem de células nucleadas em efusões na Sysmex XT-2000iV


A peritonite infeciosa felina (PIF) é uma doença infeciosa letal causada pelo coronavírus felino (FCoV), que desencadeia uma excessiva resposta imune em gatos infetados com as variantes virais que sofrem mutações.1 O diagnóstico ante-mortem constitui sempre um desafio, especialmente na forma não efusiva (“seca”), devido à variabilidade de sinais clínicos e à baixa especificidade dos meios complementares de diagnóstico. Entre estes, a eletroforese das proteínas séricas (proteinograma) e a medição da alfa-glicoproteína (AGP) podem apoiar a suspeita clínica da doença.2-6 Contudo, nenhum destes testes fornece diagnóstico definitivo.2

Por outro lado, a forma efusiva (“húmida”) é mais fácil de diagnosticar, tendo por base a história e exame clínico, análises bioquímicas, e em especial, a análise de efusão. Macroscopicamente, as efusões típicas de PIF apresentam cor amarela, de aspeto turvo e viscoso, contendo por vezes coágulos de fibrina. O teor em proteína é geralmente elevado com diminuições marcadas do rácio albumina/globulina.7 As contagens celulares variam entre 2-6 x 109/L, até contagens superiores a 30 x 109/L8, sendo que citologicamente são encontrados principalmente neutrófilos degenerados, macrófagos, linfócitos e raros plasmócitos.1 O teste de Rivalta foi recentemente proposto como teste de alta precisão diagnóstica de PIF.9 Embora seja uma prova de fácil execução, geralmente utilizada para diferenciar transudados de exsudados, uma reação positiva deve-se à elevada concentração de proteínas, entre as quais fibrinogénio e outras proteínas de fase aguda, que são componentes abundantes em efusões de PIF, mas também em efusões por peritonite bacteriana, pleurite e linfoma.9

Assim estudaram-se efusões peritoneais felinas em 51 casos (20 com PIF e 31 sem PIF) e demonstrou-se que valor de ΔTCN, definido como rácio entre as contagens leucocitárias obtidas nos dois canais (DIFF/BASO), do equipamento de hemocitometria de fluxo Sysmex XT-2000iV, encontra-se aumentado em efusões peritoneais nos casos de peritonite infeciosa felina (PIF). O reagente do canal BASO promove a precipitação proteica com consequente aprisionamento celular devido à formação de microcoágulos de fibrina, sendo que estes coágulos aprisionam os leucócitos levando a uma menor contagem celular face à contagem do canal DIFF. Desta forma é possível obter uma elevada precisão diagnóstica em casos de PIF, com uma sensibilidade de 90% e especificidade de 93.53%. Valores ΔTCN>2.5 apresentam especificidade diagnóstica de 100%.2-10 (Veterinary Clinical Pathology 44/2 (2015) 295–302, American Society for Veterinary Clinical Pathology)


1. Pedersen NC. A review of feline infectious peritonitis virus infection: 1963-2008. J Feline Med Surg. 2009;11:225–258.
2. Hartmann K, Binder C, Hirschberger J, et al. Comparison of different tests to diagnose feline infectious peritonitis. J Vet Intern Med. 2003;17:781–790.
3. Paltrinieri S, Giordano A, Tranquillo V, Guazzetti S. Critical assessment of the diagnostic value of a1.acid glycoprotein for feline infectious peritonitis using the likelihood ratios approach. J Vet Diagn Invest. 2007;19:266–272.
4. Giori L, Giordano A, Giudice C, Grieco V, Paltrinieri S. Performances of different diagnostic tests for feline infectious peritonitis in challenging clinical cases. J Small Anim Pract. 2011;52:152–157.
5. Addie DD, Bel_ak S, Boucraut-Baralon C, et al. Feline Infectious Peritonitis. ABCD Guidelines on prevention and management. J Feline Med Surg. 2009;11:594–604.
6. Duthie S, Eckersall PD, AddieDD, Lawrence CE, JarretO. Value of a-1-acid glycoprotein in the diagnosis of feline infectious peritonitis. Vet Rec. 1997;141:299–303.
7. Shelly SM, Scarlett-Kranz J, Blue JT. Protein electrophoresis on effusions from cats as a diagnostic test for feline infectious peritonitis. J Am Anim Hosp Assoc. 1988;24:495–500.
8. Dempsey SM, Ewing PJ. A review of the pathofisiology, classification, and analysis of canine and feline cavitary effusions. J AmAnim Hosp Assoc. 2011;47:1–11.
9. Fischer Y, Sauter-Louis C, Hartmann K. Diagnostic accuracy of the Rivalta test for feline infectious peritonitis. Vet Clin Pathol. 2012;41:558–567.
10. Sakai N, Iijima S, Shiba K. Reinvestigation of clinical value of Rivalta reaction of puncture fluid. Rinsho Byori. 2004;52:877–882.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Biomarcadores e Doença Cardíaca. O papel dos Peptídeos Natriuréticos.


Artigo da autoria de:
Inês Bettencourt, Luis Lima Lobo
Hospital Veterinário do Porto, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias


Na última década tem surgido um grande interesse na investigação dos biomarcadores cardíacos em Medicina Veterinária. Os biomarcadores são hormonas elaboradas por um tecido específico do organismo que podem ser detetadas na circulação sanguínea. Alguns exemplos de biomarcadores usados frequentemente na prática clínica diária são o BUN e a creatinina para a função renal e a ALT e os ácidos biliares como marcadores de lesão e função hepática.

As aplicações clinicas dos biomarcadores cardíacos passam pela deteção de doenças subclínicas, determinação do prognóstico e severidade da insuficiência cardíaca, podendo ser úteis na determinação de uma terapia médica individualizada, assim como na avaliação da progressão da doença e da resposta ao tratamento.

Os péptidos natriuréticos (PN) são exemplos de biomarcadores, específicos de stress cardíaco, mais especificamente dos miócitos e têm um papel importante na regulação da homeostase cardiovascular.

Os péptidos natriuréticos mais estudados são o ANP (Péptido Natriurético Atrial), BNP (Péptido Natriurético Tipo B), Péptido Natriurético Tipo C e o DNP (Dendroaspis Natriuretic Peptide).

O BNP, originalmente identificado no cérebro de suínos e daí chamado de PN cerebral, é encontrado também no tecido miocárdico, mais especificamente nos ventrículos. No entanto, num estudo de Oyama et al, constatou-se que o BNP também se encontra elevado em situações de distensão atrial em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva (ICC).

Os Tipo B são os mais estudados, tal como a sua pró-hormona amino-terminal NT-proBNP, sendo estes os biomarcadores cardiovasculares mais importantes, estando agora bastante difundidos em Medicina Veterinária. Têm demonstrado ser de grande utilidade na confirmação do diagnóstico de insuficiência cardíaca, auxiliando na estratificação de perfis de risco a longo prazo. Oyama et al (2007), refere num estudo realizado a partir de medições das concentrações de diversos PN para a determinação de cardiomiopatia oculta, que há uma elevação das concentrações de BNP e ANP em cães assintomáticos que apresentam evidência electrocardiográfica e ecocardiográfica de cardiomiopatia. Revela-se assim a vantagem da análise destes que permitem uma ação terapêutica precoce e indicada para a patologia do animal.

Os BNP demonstraram serem anti-fibróticos, hipotensivos, natriuréticos, diuréticos e possuírem uma função relaxante no músculo liso, proporcionando um mecanismo protetor a nível cardiovascular.

A estimulação do músculo cardíaco pelo estiramento do miocárdio ou por hipoxia, leva a uma rápida produção de BNP, associada a uma sobrecarga de volume em pacientes com disfunção cardíaca.

Em humanos, os BNP e NT-proBNP são considerados biomarcadores cardiovasculares na ICC, sendo o NT-proBNP um dos marcadores mais recentemente associado a disfunção ventricular. São um excelente fator de diagnóstico em humanos que apresentem insuficiência cardíaca aguda e dispneia, apesar dos valores do NT-proBNP serem influenciados tanto pela idade como pela função renal.

Quando se interpretam os valores dos PN em cada animal há que ter em consideração outros fatores que podem igualmente influenciar estes valores, tais como a idade e o sexo do animal, função renal, função da tiroide e a presença de anemia. Num estudo realizado por DeFrancesco et al, não se conseguiu demonstrar uma relação estatisticamente significativa dos valores de BNP com a idade ou o sexo, apesar das concentrações de BNP estarem elevadas em cães machos e mais velhos. A obesidade é um fator que pode induzir uma diminuição dos valores sanguíneos do BNP e NT-proBNP.

Foram efetuados vários estudos em animais dispneicos com o objetivo de diferenciar, através dos biomarcadores cardíacos, a origem cardíaca ou não da dispneia. Oyama et al (2007), tinha como objectivo medir os níveis plasmáticos de ANP, BNP, endotelina e troponinas cardíacas I para distinguir se a dispneia em 48 cães tinha uma causa cardíaca ou não, chegando à conclusão que os PN como o NT-proANP, o BNP e a endotelina se encontravam mais elevados em pacientes com ICC. A partir de 330 cães, DeFrancesco et al (2007), verificou que os animais com tosse ou dispneia apresentavam níveis de BNP elevados quando a causa dos sintomas era cardíaca.

Por outro lado, Baumwart et al (2005), demonstrou que as concentrações de BNP em Boxers com cardiomiopatia arritmogénica ventricular direita não se encontram elevadas em comparação com animais saudáveis.

Em raças como o Dobermann, a cardiomiopatia dilatada (CMD) tem um componente genético, sendo uma doença de progressão lenta e uma das causas mais importantes de morbilidade e mortalidade em cães de raças grandes e gigantes. Por questões de prognóstico, terapêutica ou reprodução o diagnóstico precoce de CMD é essencial. Wess et al (2011) demonstrou que as concentrações de NT-proBNP se encontravam aumentadas em cães com CMD, mas também naqueles que vieram a desenvolver a doença num período de ano e meio.

A pesquisa de BNP e NT-proBNP pode também ser aplicada em gatos, para diferenciar insuficiência cardíaca de doença respiratória em animais com sinais respiratórios, tendo uma precisão de cerca de 90%. De acordo com Oyama et al (2012) os valores de BNP estão aumentados em gatos com doença cardíaca.

Uma da vantagens da utilização do BNP como auxiliar de diagnóstico de ICC é o facto de ser apenas necessária uma pequena quantidade de sangue, sendo acessível a qualquer clinico e não envolvendo meios técnicos dispendiosos ou que requerem técnicas muito especializadas. Se a sua interpretação for utilizada em conjunto com outros meios de diagnóstico convencionais, especialmente a radiografia, mas também a electrocardiografia e a ecocardiografia, consegue-se obter uma maior precisão e rapidez de diagnóstico. A realização de exames sanguíneos no diagnóstico de doença cardíaca em fase oculta é também uma das áreas promissoras na pesquisa de biomarcadores em amostras de sangue.


Referências

Boswood A. Biomarkers in cardiovascular disease: beyond natriuretic peptides. Journal of Veterinary Cardiology (2009) 11, S23-S32.

Baumwart RD, Meurs KM. Assessment of plasma brain natriuretic peptide concentration in boxers with arrhythmogenic right ventricular cardiomyopathy. AJVR, Vol 66, No 12, December 2005. 
DeFrancesco TC, Rush JE et al. Prospective clinical evaluation of an ELISA b-type natriuretic peptide assay in the diagnosis of congestive heart failure in dogs presenting with cough or dyspnea. J Vet Intern Med 2007;21:243-250.
Kimmenade RRJ, Januzzi JL. The evolution of the natriuretic peptides – current applications in human and animal medicine. Journal of Veterinary Cardiology (2009) 11, S9-S21. 
Oyama MA, Sisson DD et al. Distinguishing cardiac and noncardiac dyspnea in 48 dogs using plams atrial natriuretic factor, b-type natriuretic factor, endothelin, and cardiac troponin-I. J Vet Intern Med 2007;21:238-242.
Oyama MA, Sisson DD et al. Prospective screening for occult cardiomyopathy in dogs by measurement of plasma atrial natriuretic peptide, b-type natriuretic peptide, and cardiac troponin-I concentrations. AJVR, Vol 68, No 1, January 2007.
Wess G, Butz V et al. Evaluation of n-terminal pro-b-type natriuretic peptide as a diagnostic marker of various stages of cardiomyophathy in doberman pinschers. AJVR, Vol 72, No 5, May 2011.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Novos tratamentos de Imunoterapia: mais eficazes e mais seguros

       
No início deste ano, a INNO interrompeu a distribuição da imunoterapia Allervet-Ca, para substituí-la por um novo produto denominado VetGoid, mais eficaz e mais seguro.

O VetGoid baseia-se em alergénios modificados química e fisicamente por polimerização com glutaraldeído, o que diminui a sua alergenicidade enquanto aumenta sua imunogenicidade, ou seja, a sua capacidade de desencadear uma resposta imunitária. Isto permite eliminar algumas das desvantagens da imunoterapia tradicional. Para além da sua alta eficácia (91% de respostas positivas) é também mais seguro devido ao reduzido número de efeitos secundários após administração. Outra vantagem do VetGoid é que a dose máxima ou dose de manutenção é atingida em apenas uma semana, pelo que a resposta clínica é alcançada mais rapidamente.

Desta forma, o tratamento inicial é composto por um frasco para administrar durante 4 meses e 1 semana, e o tratamento de manutenção passa a ter uma duração de 6 meses.

Apesar das inúmeras vantagens deste novo tratamento de imunoterapia e dos tratamentos passarem a ter uma duração mais curta, não haverá qualquer alteração no preço.

Para qualquer esclarecimento adicional, contacte o nosso laboratório.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Falta de Synacthen (inclui guidelines para o diagnóstico laboratorial)

A farmacêutica Defiante, titular da autorização para produção e distribuição do Synacthen em vários países da União Europeia, revelou estar com problemas em adaptar a sua produção às novas instalações e, por esse motivo, estar com grandes dificuldades no abastecimento normal do mercado. A farmacêutica não forneceu ainda datas para o reinício da sua produção. Fonte: Agência Espanhola de medicamentos e produtos de saúde.

Por isso, a falta deste produto é sentida em toda a União Europeia restando apenas em algumas farmácias ou distribuidores locais um stock residual.

Enquanto a situação não retorna à sua normalidade e não havendo ainda nenhuma data prevista, sugerimos que na ausência de ACTH:

- o diagnóstico de hiperadrenocorticismo (Síndrome de Cushing) seja feito com a supressão com dexametasona em doses baixas;

- o diagnóstico de hipoadrenocorticismo (Síndrome de Addison) seja realizado com várias medições de cortisol basal e electrólitos (sódio e potássio);

- a monitorização de tratamento Síndrome de Cushing, com utilização clínica do VETORYL (Dechra), seja feita com uma medição de cortisol basal 4 horas após a toma do fármaco.

De seguida podem ver o “Algoritmo de recomendações da Dechra para o tratamento e monitorização de cães com hiperadrenocorticismo quando não se dispõe de ACTH sintética” como suporte de interpretação de resultados.


Para qualquer esclarecimento adicional, contacte o nosso laboratório.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Diagnóstico serológico de Leishmaniose por ELISA

       
O diagnóstico da leishmaniose deve incluir não só a avaliação clínica como testes laboratoriais específicos (1). Os testes para diagnóstico de leishmaniose em cães mais correntemente usados na prática clínica incluem a citologia (de medula óssea, gânglio linfático, baço ou pele), a serologia - ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay), IFI (Imunofluorescência Indirecta) e imunocromatografia (testes rápidos) - ou PCR (polymerase chain reaction). Qualquer que seja o teste utilizado é fundamental conhecer o tipo de método em causa para uma correcta interpretação dos resultados.

No laboratório, os soros testados para a leishmaniose pertencem não só a animais doentes, mas também a animais que são provenientes ou viajam para países ou áreas endémicas ou que vão ser incluídos em bancos de dadores, assim como a animais que estão a ser monitorizados para resposta a tratamentos. Mais recentemente, devido à comercialização de uma vacina e à existência de um novo protocolo de prevenção da doença, testam-se também animais para despiste dos seropositivos assintomáticos.

Os testes ELISA são testes imunoenzimáticos que permitem a detecção de anticorpos anti-Leishmania no soro. Nestes testes, são usadas microplacas em cujos poços, revestidos por antigénio, são colocadas as amostras diluidas. A reacção colorimétrica que se desenvolve no caso dos resultados positivos é quantificada por espectrofotometria. A avaliação não é, por isso, subjectiva como acontece noutros tipos de testes em que a avaliação pode depender da experiência do técnico (4).

Os resultados associáveis a elevados títulos de anticorpos, em animais com sinais clínicos da doença e elevadas cargas parasitárias, são compatíveis com o diagnóstico de leishmaniose (3).

Pelo contrário, títulos baixos de anticorpos não estão necessariamente associados à presença de infecção, pelo que com resultados desta natureza devem ser utilizados outros testes (por exemplo: citologia de órgãos ou tecidos, histopatologia e/ou PCR) para diagnóstico definitivo (1).

É importante referir que, após infecção, o período de incubação pode ser longo e, por isso, animais testados nesta fase podem apresentar resultados negativos. A bibliografia refere que os intervalos de seroconversão em infecções naturais podem ir de 1 a 22 meses, com um tempo médio de 5 meses (4).

Resultados negativos ou duvidosos em animais clinicamente suspeitos também devem ser testados por outros métodos, nomeadamente citologia e histopatologia; na ausência de sinais clínicos devem ser investigados outros diagnósticos diferenciais.

Os testes ELISA, com determinados tipos de antigénios (nomeadamente antigénios completos), podem apresentar reacções cruzadas com outras espécies de Leishmania e Trypanosoma, mas muito raramente com Babesia canis e Ehrlichia canis (3).

A maioria dos testes ELISA apresenta boas especificidades (capacidade para detectar os verdadeiros negativos) e sensibilidades (capacidade para detectar os verdadeiros positivos) para a detecção da leishmaniose; no entanto, isso pode depender dos tipos de antigénios utilizados nos diferentes testes. Os testes ELISA disponíveis no mercado apresentam geralmente especificidades de cerca de 100%, mas sensibilidades que podem variar entre os 75% e os 98% (3).

Um dado importante para o diagnóstico precoce da doença, é o referido num estudo em que se considera que o método ELISA detecta a presença de anticorpos de Leishmania mais cedo que os outros métodos de referência, podendo esse tempo variar entre os 119 dias do ELISA (IgG2) e os 247 dias da IFI (2).

Baseados num estudo realizado em infecções experimentais, alguns autores consideram que o método ELISA (IgG2) poderá ser o tipo de teste mais indicado para detecção da leismaniose nos cães (2).


Bibliografia consultada

1- Solano-Gallego L, Koutinas A, Miró G, Cardoso L, Pennisi MG, Ferrer L, Bourdeau P, Oliva G, Baneth G. Directions for the diagnosis, clinical staging, treatment and prevention of canine leishmaniosis. Vet Parasitol. 2009.165: 1-18.
2- Rodriguez-Cortés A, Ojeda A, Francino O, López-Fuertes L, Timón M, Alberola. Leishmania Infection: Laboratory Diagnosing in the Absence of a “Gold Standard” Am J Trop Med Hyg. 2010, February, 82(2): 251–256.
3- Greene, CE. "Leishmaniases". In: Infectious diseases of the dog and cat. 4thed. Elsivier Saunders.2012:734-749.
4- Paltrinieri S, Solano-Gallego L, Fondati A, Lubas G, Gradoni L, Castagnaro M, Crotti A, Maroli M, Oliva G, Roura X, Zatelli A, Zini E. Guidelines for diagnosis and clinical classification of leishmaniasis in dogs. JAVMA. 2010, June 1, 236-11: 1184-1191.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Colheita de proBNP



Para doseamento de proBNP são necessários tubos próprios (tampa rosa) que devem ser solicitados previamente ao laboratório.

A amostra deverá chegar ao laboratório o mais rapidamente possível após a colheita, por exigência de protocolo da análise. Assim, quando os CAMV se localizam em zona abrangida pelos carros de recolhas da INNO a colheita deve ser realizada durante a manhã e o laboratório deve ser contactado para que a recolha seja realizada ainda nesse período. Quando os CAMV se localizam fora dessa zona e a recolha for realizada através de transportadora, também nesse caso a colheita deve ser de feita de manhã e solicitada ao laboratório uma recolha para o próprio dia.

O sangue colhido deve ser colocado num tubo EDTA (tampa roxa) e centrifugado de imediato. O plasma será então separado do conteúdo celular e colocado no tubo especial proBNP (tampa rosa) já referido, agitando-o suavemente algumas vezes. Manter o tubo refrigerado até à chegada ao nosso laboratório.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Laboratório interno ou laboratório de referência: que escolha?



Artigo da autoria de:
Paula Brilhante Simões, DVM MsC
Diretora Técnica do Laboratório Veterinário INNO
paulabrilhante@inno.pt                                
                            

O envio de amostras para análise a um laboratório de referência (LR) é comparável ao já habitual envio de casos clínicos a hospitais/centros de referência ou médicos veterinários (MV) que desenvolvem ou concentram a sua actividade profissional em determinadas áreas da medicina veterinária, por ex: a cardiologia ou a neurologia. Geralmente essa decisão prende-se com a formação específica que os clínicos desenvolveram na área referenciada, a sua maior experiência que advém de um maior volume de casos, associado à disponibilidade de equipamentos mais sofisticados, nem sempre ao alcance de qualquer CAMV. Ora esta ideia aplica-se facilmente aos LR que integram nas suas equipas profissionais dedicados exclusivamente à patologia clínica; que possuem maior experiência relacionada com o volume de casos/análises; e que têm à sua disposição equipamentos mais sofisticados do que os habitualmente disponíveis nos laboratórios dos CAMV.

Existem várias questões que se colocam a um clínico de um CAMV: criar ou não um laboratório interno (LI)? possuindo um LI que análises realizar? e que LR seleccionar para as análises a realizar externamente?

A questão de criar ou não um LI coloca-se muitas vezes a um MV que pretende montar ou expandir um CAMV e obriga a analisar as vantagens e desvantagens de trabalhar internamente as amostras ou enviá-las para um LR. Um LI pode ter como grande vantagem a rapidez na obtenção de resultados, mas também a possibilidade de monitorização pós-operatória ou monitorização de animais internados, a correcção de tratamentos antes da progressão da doença ou a utilização de amostras mais frescas. As desvantagens prendem-se com o custo das análises, a falta de formação de quem utiliza os equipamentos, a dificuldade da identificação e interpretação de determinados erros, desperdício que decorre da incorrecta utilização dos equipamentos ou incorrecta utilização das amostras, falhas de precisão nos resultados, por ex: numa interpretação deficiente na observação microscópica, ausência de programas de controlo de qualidade ou de manutenção dos equipamentos. Além disso, mesmo considerando as vantagens, nem sempre é possível recuperar o investimento nos equipamentos.

A selecção das análises a realizar internamente é, por vezes, fácil de resolver porque a sua concretização obriga à aquisição de equipamentos muito dispendiosos e sobredimensionados ou porque as técnicas e protocolos são complicadas e exigem conhecimentos e condições técnicas não exequíveis em pequenos laboratórios. Outras análises podem ser escolhidas, por exemplo, com base na técnica ou protocolo mais adequados, facilidade de execução ou custo.

A escolha de um LR nem sempre é fácil para o clínico, mas a componente científica e a relação pessoal com a equipa técnica estão geralmente na base da decisão. A questão económica e a proximidade são factores que também podem pesar. Apenas o trabalho contínuo de alguns meses com um laboratório poderá levar a uma relação de confiança que permitirá uma selecção mais fundamentada. Frequentemente, os clínicos optam por soluções mistas, trabalhando análises de urgência internamente e enviando todas as restantes análises para um ou mais LR consoante o tipo de análise e a confiança que depositam nos diferentes LR de acordo com a área da patologia clínica.

Os LR apresentam vantagens como a formação específica e maior experiência das suas equipas técnicas, como referimos, mas, além disso, disponibilizam maior nº de parâmetros, técnicas e testes, frequentemente inacessíveis aos LI por exigirem a utilização de equipamentos sofisticados; oferecem preços mais económicos por análise; apresentam maior exactidão de resultados decorrentes não só da utilização de técnicas e equipamentos mais desenvolvidos, como da existência de programas de controlo de qualidade associados, assim como da experiência dos técnicos (por ex: resultados relacionados com observação microscópica); além de que proporcionam apoio técnico aos MV.

Num LR os equipamentos são geralmente mais sofisticados, com as tecnologias mais avançadas, dimensionados para um grande volume de análises e com capacidade de resposta de acordo com a solicitação do cliente (CAMV). As técnicas, procedimentos e testes usados nos LR não são, na maioria das vezes, acessíveis aos LI de CAMV’s quer pela exigência de profissionais com formação própria para a sua realização, quer pela necessidade de equipamentos específicos. O volume de análises realizado e o acesso a uma oferta comercial maior permitem aos LR a aquisição de reagentes a preços vantajosos, o que se reflecte no preço ao cliente (CAMV). O apoio técnico é uma das maiores vantagens para o MV que usufrui dum serviço de LR: quer na escolha prévia ou posterior de testes a realizar para a obtenção de um diagnóstico; quer na possibilidade de, em conjunto com a equipa técnica do laboratório, interpretar resultados; ou simplesmente na obtenção de informações sobre análises, colheitas ou amostras. Os contactos entre o MV e a equipa técnica do LR promovem uma relação de confiança essencial para uma boa colaboração.

A questão dos tempos de resposta, considerada por muitos uma desvantagem dos LR, está em muitos casos ultrapassada, dado que a maioria destes consegue fornecer uma resposta no dia para análises mais rotineiras como por ex: hematologia, bioquímica ou urianálise ou mesmo noutras como o despiste de doenças infecciosas, endocrinologia ou citologias.

Referências:
                    
ANTECH Diagnostics Newsletters, July and September 2011
Insight into in-clinic and laboratory Hematology Diagnostics, Urs Giger
Small Animal Clinical Diagnosis by Laboratory Methods (Fourth Edition), Harold Tvedten and Jennifer S. Thomas
BSAVA Canine and Feline Clinical Pathology, 2nd edition, Joan Duncan
 

© 2011 Inno

Inno - Serviços Especializados
em Veterinária, Lda.
Rua Cândido de Sousa, 15
4710-503 Braga - Portugal

Tel (+351) 253 615 020
Telemóvel (+351) 93 868 72 72
Fax (+351) 253 6251 112
Email geral@inno.pt