quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Laboratório interno ou laboratório de referência: que escolha?



Artigo da autoria de:
Paula Brilhante Simões, DVM MsC
Diretora Técnica do Laboratório Veterinário INNO
paulabrilhante@inno.pt                                
                            

O envio de amostras para análise a um laboratório de referência (LR) é comparável ao já habitual envio de casos clínicos a hospitais/centros de referência ou médicos veterinários (MV) que desenvolvem ou concentram a sua actividade profissional em determinadas áreas da medicina veterinária, por ex: a cardiologia ou a neurologia. Geralmente essa decisão prende-se com a formação específica que os clínicos desenvolveram na área referenciada, a sua maior experiência que advém de um maior volume de casos, associado à disponibilidade de equipamentos mais sofisticados, nem sempre ao alcance de qualquer CAMV. Ora esta ideia aplica-se facilmente aos LR que integram nas suas equipas profissionais dedicados exclusivamente à patologia clínica; que possuem maior experiência relacionada com o volume de casos/análises; e que têm à sua disposição equipamentos mais sofisticados do que os habitualmente disponíveis nos laboratórios dos CAMV.

Existem várias questões que se colocam a um clínico de um CAMV: criar ou não um laboratório interno (LI)? possuindo um LI que análises realizar? e que LR seleccionar para as análises a realizar externamente?

A questão de criar ou não um LI coloca-se muitas vezes a um MV que pretende montar ou expandir um CAMV e obriga a analisar as vantagens e desvantagens de trabalhar internamente as amostras ou enviá-las para um LR. Um LI pode ter como grande vantagem a rapidez na obtenção de resultados, mas também a possibilidade de monitorização pós-operatória ou monitorização de animais internados, a correcção de tratamentos antes da progressão da doença ou a utilização de amostras mais frescas. As desvantagens prendem-se com o custo das análises, a falta de formação de quem utiliza os equipamentos, a dificuldade da identificação e interpretação de determinados erros, desperdício que decorre da incorrecta utilização dos equipamentos ou incorrecta utilização das amostras, falhas de precisão nos resultados, por ex: numa interpretação deficiente na observação microscópica, ausência de programas de controlo de qualidade ou de manutenção dos equipamentos. Além disso, mesmo considerando as vantagens, nem sempre é possível recuperar o investimento nos equipamentos.

A selecção das análises a realizar internamente é, por vezes, fácil de resolver porque a sua concretização obriga à aquisição de equipamentos muito dispendiosos e sobredimensionados ou porque as técnicas e protocolos são complicadas e exigem conhecimentos e condições técnicas não exequíveis em pequenos laboratórios. Outras análises podem ser escolhidas, por exemplo, com base na técnica ou protocolo mais adequados, facilidade de execução ou custo.

A escolha de um LR nem sempre é fácil para o clínico, mas a componente científica e a relação pessoal com a equipa técnica estão geralmente na base da decisão. A questão económica e a proximidade são factores que também podem pesar. Apenas o trabalho contínuo de alguns meses com um laboratório poderá levar a uma relação de confiança que permitirá uma selecção mais fundamentada. Frequentemente, os clínicos optam por soluções mistas, trabalhando análises de urgência internamente e enviando todas as restantes análises para um ou mais LR consoante o tipo de análise e a confiança que depositam nos diferentes LR de acordo com a área da patologia clínica.

Os LR apresentam vantagens como a formação específica e maior experiência das suas equipas técnicas, como referimos, mas, além disso, disponibilizam maior nº de parâmetros, técnicas e testes, frequentemente inacessíveis aos LI por exigirem a utilização de equipamentos sofisticados; oferecem preços mais económicos por análise; apresentam maior exactidão de resultados decorrentes não só da utilização de técnicas e equipamentos mais desenvolvidos, como da existência de programas de controlo de qualidade associados, assim como da experiência dos técnicos (por ex: resultados relacionados com observação microscópica); além de que proporcionam apoio técnico aos MV.

Num LR os equipamentos são geralmente mais sofisticados, com as tecnologias mais avançadas, dimensionados para um grande volume de análises e com capacidade de resposta de acordo com a solicitação do cliente (CAMV). As técnicas, procedimentos e testes usados nos LR não são, na maioria das vezes, acessíveis aos LI de CAMV’s quer pela exigência de profissionais com formação própria para a sua realização, quer pela necessidade de equipamentos específicos. O volume de análises realizado e o acesso a uma oferta comercial maior permitem aos LR a aquisição de reagentes a preços vantajosos, o que se reflecte no preço ao cliente (CAMV). O apoio técnico é uma das maiores vantagens para o MV que usufrui dum serviço de LR: quer na escolha prévia ou posterior de testes a realizar para a obtenção de um diagnóstico; quer na possibilidade de, em conjunto com a equipa técnica do laboratório, interpretar resultados; ou simplesmente na obtenção de informações sobre análises, colheitas ou amostras. Os contactos entre o MV e a equipa técnica do LR promovem uma relação de confiança essencial para uma boa colaboração.

A questão dos tempos de resposta, considerada por muitos uma desvantagem dos LR, está em muitos casos ultrapassada, dado que a maioria destes consegue fornecer uma resposta no dia para análises mais rotineiras como por ex: hematologia, bioquímica ou urianálise ou mesmo noutras como o despiste de doenças infecciosas, endocrinologia ou citologias.

Referências:
                    
ANTECH Diagnostics Newsletters, July and September 2011
Insight into in-clinic and laboratory Hematology Diagnostics, Urs Giger
Small Animal Clinical Diagnosis by Laboratory Methods (Fourth Edition), Harold Tvedten and Jennifer S. Thomas
BSAVA Canine and Feline Clinical Pathology, 2nd edition, Joan Duncan

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