Artigo da autoria de:
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
A colheita de material e o diagnóstico em Anatomia Patológica
Artigo da autoria de:
Justina Prada Oliveira, DVM, MsC, PhD
Isabel Cristina Ribeiro Pires, DVM, MsC, PhD
Departamento de Ciências Veterinárias da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
A Anatomia Patológica é a especialidade médico-veterinária responsável pela análise morfológica dos órgãos e tecidos com o intuito de contribuir para o diagnóstico, tratamento, prognóstico e até prevenção das doenças.
Garantir a precisão desses resultados é importante não só do ponto de vista de diagnóstico, mas também no intuito de impedir a frustração inerente de quando o esforço de recolha e envio de amostras não produz resultados interpretáveis.
O sucesso do diagnóstico anatomopatológico depende de todos os intervenientes nos processos de recolha, preservação, envio e processamento do material. Assim, existem algumas regras de recolha de amostras que, ainda que bastante simples, quando não efectuadas correctamente podem inviabilizar o resultado final: o diagnóstico.
Sempre que possível, a lesão deve ser enviada na sua totalidade. Quando o tamanho desta não permitir o seu envio completo, a amostra deve ser representativa e incluir a transição entre a lesão e o tecido são, evitando as áreas de necrose ou hemorragia. No caso de biópsias de diferentes orgãos (fígado, rim, próstata...) obtidas por tru-cut, devem ser enviados 3 a 4 fragmentos, com 2 a 3 cm de comprimento total. No caso do gânglio linfático é preferível a biópsia incisional, que permite avaliação do parênquima e da cápsula do orgão.
A colheita e manipulação da amostra devem ser cuidadas. O corte deve ser preciso e efectuado de uma vez só, evitando-se a compressão dos tecidos. No caso de amostras de grandes dimensões dever-se-ão efectuar alguns cortes para permitir uma melhor fixação, sem, no entanto, individualizar por completo os fragmentos.
A fixação deverá ser imediata após a colheita. O material deve ser imerso em formol a 10%. Este obtêm-se diluindo-se 1 parte duma solução de formol comercial (a 40%) em 9 partes de água destilada.
As peças deverão ser introduzidas, sem qualquer esforço, em frascos de boca larga, que permitam fecho hermético, contendo previamente o fixador, que deve submergir completamente a peça. Poderá ser útil usar um pouco de gaze à superfície, em peças que flutuam, ou no fundo do frasco, para evitar que as peças colem ao mesmo.
O frasco contendo a amostra deverá ser identificado com tinta indelével e acompanhado pela informação clínica. Esta deverá incluir, não só a identificação do animal e do Médico Veterinário, mas também todos os dados considerados relevantes para o diagnóstico. A suspeita clínica é de suma importância, permitindo orientar a resposta de acordo com as suspeitas do médico veterinário.
A anatomia patológica pode ser de grande valor no estabelecimento de um diagnóstico, dependendo no entanto de um número de fatores que podem impossibilitar o mesmo. Ao patologista apenas é dada a ver uma pequena porção do animal, dependendo este da informação clínica e da correta manipulação do material para conseguir interpretar o mesmo e dar uma resposta útil para o clínico e para o animal.
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