segunda-feira, 4 de junho de 2012

Diagnóstico de Leishmaniose


 
Artigo da autoria de:
Paula Brilhante Simões, DVM MSc
Diretora Técnica do Laboratório Veterinário INNO
paulabrilhante@inno.pt 


A leishmaniose é uma zoonose transmitida pela Leishmania infantum. O cão é considerado o reservatório mais importante da doença para os humanos.

A sintomatologia apresentada pelos cães inclui febre intermitente, hepatomegália e esplenomegália, lesões de pele, linfoadenomegália local ou generalizada, perda de peso, glomerulopatia, lesões oculares, epistaxis e claudicação. Os animais podem ainda apresentar anemia não regenerativa, leucocitose ou leucopénia, trombocitopénia, hiperglobulinémia, hipoalbuminémia, azotémia renal ou aumento das enzimas hepáticas.

Geralmente, os animais são testados para a doença quando são provenientes ou viajam para países ou áreas endémicas, se vão ser incluídos em bancos de dadores ou ainda para monitorização da resposta a tratamentos. Devido à comercialização recente da vacina contra a leishmaniose, tem-se notado um aumento da solicitação de testes de despiste da doença para descartar animais seropositivos assintomáticos, uma vez que apenas animais seronegativos deverão ser vacinados. Além disso, a existência de um novo protocolo de prevenção, colocado recentemente no mercado português, exige igualmente a realização de um teste ELISA (enzime-linked immunosorbent assay) específico para despiste da doença para início da terapêutica preventiva.

Para um diagnóstico definitivo de leishmaniose é necessária uma abordagem que inclua uma boa história clínica, um bom exame físico associados a exames laboratoriais de rotina (hemograma completo, parâmetros bioquímicos, electroforese proteica e urianálise) e a testes laboratoriais específicos para detecção directa do parasita, do seu DNA ou para detecção de anticorpos.

É importante saber interpretar os resultados dos diversos testes e métodos que existem, assim como conhecer as suas limitações.

Os testes serológicos disponíveis incluem os métodos ELISA, IFI (imunofluorescência indirecta) ou imunocromatografia (testes rápidos) que permitem a detecção de anticorpos; pelo método de PCR (polymerase chain reaction) pesquisa-se o DNA do parasita; para pesquisa das formas amastigotas de Leishmania infantum podem realizar-se a citologia ou a histopatologia, associada ou não a métodos imunohistoquímicos, em diversos órgãos ou tecidos como medula óssea, gânglios, baço ou pele.

De uma forma geral, a leishmaniose em cães pode ser rapidamente diagnosticada por citologia, serologia ou PCR.

Após a infecção com Leishmania, alguns animais mantêm-se seronegativos durante períodos de tempo variáveis, podendo nesta fase de seroconversão a serologia falhar o diagnóstico.

Frequentemente, a questão que se coloca ao clínico é confirmar que os resultados obtidos nos testes realizados e a sintomatologia observada estão relacionados com a leishmaniose e não com outra doença.

Num animal com história e sinais clínicos compatíveis com leishmaniose o primeiro passo poderá ser a citologia dos órgãos ou tecidos e testes serológicos específicos e, conforme os resultados, avançar com outros testes.

Se a identificação citológica do parasita constitui um diagnóstico definitivo de doença, já os resultados negativos neste exame, em animais suspeitos, implicam a realização de testes serológicos. Títulos altos de anticorpos constituem também um diagnóstico definitivo. Se os títulos forem baixos, em animais com lesões cutâneas está indicado exame histológico, imunohistoquimico ou PCR da biopsia de pele, sendo os resultados positivos compatíveis com infecção. O teste de PCR em medula óssea ou gânglios está indicado em animais sem lesões cutâneas. Se estes resultados forem negativos, conclui-se que houve exposição prévia ao parasita, estando os sinais apresentados provavelmente relacionados com outra doença concomitante.
                       
A monitorização da leishmaniose em cães pode ser feita recorrendo aos títulos de anticorpos do animal ou resultados de PCR quantitativo (real-time PCR) conhecidos antes do início do tratamento, assim como usando a electroforese proteica e controlando a evolução clínica com o hemograma e a bioquímica.

Referências

Solano-Gallego L, Koutinas A, Miró G, Cardoso L, Pennisi MG, Ferrer L, Bourdeau P, Oliva G, Baneth G, 2009. Directions for the diagnosis, clinical staging, treatment and prevention of canine leishmaniosis. Vet Parasitol, 165: 1-18.

Paltrinieri S, Solano-Gallego L, Fondati A, Lubas G, Gradoni L, Castagnaro M, Crotti A, Maroli M, Oliva G, Roura X, Zatelli A, Zini E, 2010. Guidelines for diagnosis and clinical classification of leishmaniasis in dogs. JAVMA, June 1, 236-11: 1184-1191.

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