Para qualquer esclarecimento adicional, contacte o nosso laboratório.
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Falta de Synacthen (inclui guidelines para o diagnóstico laboratorial)
A farmacêutica Defiante, titular da autorização para produção e distribuição do Synacthen em vários países da União Europeia, revelou estar com problemas em adaptar a sua produção às novas instalações e, por esse motivo, estar com grandes dificuldades no abastecimento normal do mercado. A farmacêutica não forneceu ainda datas para o reinício da sua produção. Fonte: Agência Espanhola de medicamentos e produtos de saúde.
Para qualquer esclarecimento adicional, contacte o nosso laboratório.
Por isso, a falta deste produto é sentida em toda a União Europeia restando apenas em algumas farmácias ou distribuidores locais um stock residual.
Enquanto a situação não retorna à sua normalidade e não havendo ainda nenhuma data prevista, sugerimos que na ausência de ACTH:
- o diagnóstico de hiperadrenocorticismo (Síndrome de Cushing) seja feito com a supressão com dexametasona em doses baixas;
- o diagnóstico de hipoadrenocorticismo (Síndrome de Addison) seja realizado com várias medições de cortisol basal e electrólitos (sódio e potássio);
- a monitorização de tratamento Síndrome de Cushing, com utilização clínica do VETORYL (Dechra), seja feita com uma medição de cortisol basal 4 horas após a toma do fármaco.
De seguida podem ver o “Algoritmo de recomendações da Dechra para o tratamento e monitorização de cães com hiperadrenocorticismo quando não se dispõe de ACTH sintética” como suporte de interpretação de resultados.
Para qualquer esclarecimento adicional, contacte o nosso laboratório.
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Diagnóstico serológico de Leishmaniose por ELISA
O diagnóstico da leishmaniose deve incluir não só a avaliação clínica como testes laboratoriais específicos (1). Os testes para diagnóstico de leishmaniose em cães mais correntemente usados na prática clínica incluem a citologia (de medula óssea, gânglio linfático, baço ou pele), a serologia - ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay), IFI (Imunofluorescência Indirecta) e imunocromatografia (testes rápidos) - ou PCR (polymerase chain reaction). Qualquer que seja o teste utilizado é fundamental conhecer o tipo de método em causa para uma correcta interpretação dos resultados.
No laboratório, os soros testados para a leishmaniose pertencem não só a animais doentes, mas também a animais que são provenientes ou viajam para países ou áreas endémicas ou que vão ser incluídos em bancos de dadores, assim como a animais que estão a ser monitorizados para resposta a tratamentos. Mais recentemente, devido à comercialização de uma vacina e à existência de um novo protocolo de prevenção da doença, testam-se também animais para despiste dos seropositivos assintomáticos.
Os testes ELISA são testes imunoenzimáticos que permitem a detecção de anticorpos anti-Leishmania no soro. Nestes testes, são usadas microplacas em cujos poços, revestidos por antigénio, são colocadas as amostras diluidas. A reacção colorimétrica que se desenvolve no caso dos resultados positivos é quantificada por espectrofotometria. A avaliação não é, por isso, subjectiva como acontece noutros tipos de testes em que a avaliação pode depender da experiência do técnico (4).
Os resultados associáveis a elevados títulos de anticorpos, em animais com sinais clínicos da doença e elevadas cargas parasitárias, são compatíveis com o diagnóstico de leishmaniose (3).
Pelo contrário, títulos baixos de anticorpos não estão necessariamente associados à presença de infecção, pelo que com resultados desta natureza devem ser utilizados outros testes (por exemplo: citologia de órgãos ou tecidos, histopatologia e/ou PCR) para diagnóstico definitivo (1).
É importante referir que, após infecção, o período de incubação pode ser longo e, por isso, animais testados nesta fase podem apresentar resultados negativos. A bibliografia refere que os intervalos de seroconversão em infecções naturais podem ir de 1 a 22 meses, com um tempo médio de 5 meses (4).
Resultados negativos ou duvidosos em animais clinicamente suspeitos também devem ser testados por outros métodos, nomeadamente citologia e histopatologia; na ausência de sinais clínicos devem ser investigados outros diagnósticos diferenciais.
Os testes ELISA, com determinados tipos de antigénios (nomeadamente antigénios completos), podem apresentar reacções cruzadas com outras espécies de Leishmania e Trypanosoma, mas muito raramente com Babesia canis e Ehrlichia canis (3).
A maioria dos testes ELISA apresenta boas especificidades (capacidade para detectar os verdadeiros negativos) e sensibilidades (capacidade para detectar os verdadeiros positivos) para a detecção da leishmaniose; no entanto, isso pode depender dos tipos de antigénios utilizados nos diferentes testes. Os testes ELISA disponíveis no mercado apresentam geralmente especificidades de cerca de 100%, mas sensibilidades que podem variar entre os 75% e os 98% (3).
Um dado importante para o diagnóstico precoce da doença, é o referido num estudo em que se considera que o método ELISA detecta a presença de anticorpos de Leishmania mais cedo que os outros métodos de referência, podendo esse tempo variar entre os 119 dias do ELISA (IgG2) e os 247 dias da IFI (2).
Baseados num estudo realizado em infecções experimentais, alguns autores consideram que o método ELISA (IgG2) poderá ser o tipo de teste mais indicado para detecção da leismaniose nos cães (2).
Bibliografia consultada
1- Solano-Gallego L, Koutinas A, Miró G, Cardoso L, Pennisi MG, Ferrer L, Bourdeau P, Oliva G, Baneth G. Directions for the diagnosis, clinical staging, treatment and prevention of canine leishmaniosis. Vet Parasitol. 2009.165: 1-18.
2- Rodriguez-Cortés A, Ojeda A, Francino O, López-Fuertes L, Timón M, Alberola. Leishmania Infection: Laboratory Diagnosing in the Absence of a “Gold Standard” Am J Trop Med Hyg. 2010, February, 82(2): 251–256.
3- Greene, CE. "Leishmaniases". In: Infectious diseases of the dog and cat. 4thed. Elsivier Saunders.2012:734-749.
4- Paltrinieri S, Solano-Gallego L, Fondati A, Lubas G, Gradoni L, Castagnaro M, Crotti A, Maroli M, Oliva G, Roura X, Zatelli A, Zini E. Guidelines for diagnosis and clinical classification of leishmaniasis in dogs. JAVMA. 2010, June 1, 236-11: 1184-1191.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Colheita de proBNP
A amostra deverá chegar ao laboratório o mais rapidamente possível após a colheita, por exigência de protocolo da análise. Assim, quando os CAMV se localizam em zona abrangida pelos carros de recolhas da INNO a colheita deve ser realizada durante a manhã e o laboratório deve ser contactado para que a recolha seja realizada ainda nesse período. Quando os CAMV se localizam fora dessa zona e a recolha for realizada através de transportadora, também nesse caso a colheita deve ser de feita de manhã e solicitada ao laboratório uma recolha para o próprio dia.
O sangue colhido deve ser colocado num tubo EDTA (tampa roxa) e centrifugado de imediato. O plasma será então separado do conteúdo celular e colocado no tubo especial proBNP (tampa rosa) já referido, agitando-o suavemente algumas vezes. Manter o tubo refrigerado até à chegada ao nosso laboratório.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Laboratório interno ou laboratório de referência: que escolha?
Artigo da autoria de:
Paula Brilhante Simões, DVM MsC
Diretora Técnica do Laboratório Veterinário INNO
paulabrilhante@inno.pt
O envio de amostras para análise a um laboratório de referência (LR) é comparável ao já habitual envio de casos clínicos a hospitais/centros de referência ou médicos veterinários (MV) que desenvolvem ou concentram a sua actividade profissional em determinadas áreas da medicina veterinária, por ex: a cardiologia ou a neurologia. Geralmente essa decisão prende-se com a formação específica que os clínicos desenvolveram na área referenciada, a sua maior experiência que advém de um maior volume de casos, associado à disponibilidade de equipamentos mais sofisticados, nem sempre ao alcance de qualquer CAMV. Ora esta ideia aplica-se facilmente aos LR que integram nas suas equipas profissionais dedicados exclusivamente à patologia clínica; que possuem maior experiência relacionada com o volume de casos/análises; e que têm à sua disposição equipamentos mais sofisticados do que os habitualmente disponíveis nos laboratórios dos CAMV.
Existem várias questões que se colocam a um clínico de um CAMV: criar ou não um laboratório interno (LI)? possuindo um LI que análises realizar? e que LR seleccionar para as análises a realizar externamente?
A questão de criar ou não um LI coloca-se muitas vezes a um MV que pretende montar ou expandir um CAMV e obriga a analisar as vantagens e desvantagens de trabalhar internamente as amostras ou enviá-las para um LR. Um LI pode ter como grande vantagem a rapidez na obtenção de resultados, mas também a possibilidade de monitorização pós-operatória ou monitorização de animais internados, a correcção de tratamentos antes da progressão da doença ou a utilização de amostras mais frescas. As desvantagens prendem-se com o custo das análises, a falta de formação de quem utiliza os equipamentos, a dificuldade da identificação e interpretação de determinados erros, desperdício que decorre da incorrecta utilização dos equipamentos ou incorrecta utilização das amostras, falhas de precisão nos resultados, por ex: numa interpretação deficiente na observação microscópica, ausência de programas de controlo de qualidade ou de manutenção dos equipamentos. Além disso, mesmo considerando as vantagens, nem sempre é possível recuperar o investimento nos equipamentos.
A selecção das análises a realizar internamente é, por vezes, fácil de resolver porque a sua concretização obriga à aquisição de equipamentos muito dispendiosos e sobredimensionados ou porque as técnicas e protocolos são complicadas e exigem conhecimentos e condições técnicas não exequíveis em pequenos laboratórios. Outras análises podem ser escolhidas, por exemplo, com base na técnica ou protocolo mais adequados, facilidade de execução ou custo.
A escolha de um LR nem sempre é fácil para o clínico, mas a componente científica e a relação pessoal com a equipa técnica estão geralmente na base da decisão. A questão económica e a proximidade são factores que também podem pesar. Apenas o trabalho contínuo de alguns meses com um laboratório poderá levar a uma relação de confiança que permitirá uma selecção mais fundamentada. Frequentemente, os clínicos optam por soluções mistas, trabalhando análises de urgência internamente e enviando todas as restantes análises para um ou mais LR consoante o tipo de análise e a confiança que depositam nos diferentes LR de acordo com a área da patologia clínica.
Os LR apresentam vantagens como a formação específica e maior experiência das suas equipas técnicas, como referimos, mas, além disso, disponibilizam maior nº de parâmetros, técnicas e testes, frequentemente inacessíveis aos LI por exigirem a utilização de equipamentos sofisticados; oferecem preços mais económicos por análise; apresentam maior exactidão de resultados decorrentes não só da utilização de técnicas e equipamentos mais desenvolvidos, como da existência de programas de controlo de qualidade associados, assim como da experiência dos técnicos (por ex: resultados relacionados com observação microscópica); além de que proporcionam apoio técnico aos MV.
Num LR os equipamentos são geralmente mais sofisticados, com as tecnologias mais avançadas, dimensionados para um grande volume de análises e com capacidade de resposta de acordo com a solicitação do cliente (CAMV). As técnicas, procedimentos e testes usados nos LR não são, na maioria das vezes, acessíveis aos LI de CAMV’s quer pela exigência de profissionais com formação própria para a sua realização, quer pela necessidade de equipamentos específicos. O volume de análises realizado e o acesso a uma oferta comercial maior permitem aos LR a aquisição de reagentes a preços vantajosos, o que se reflecte no preço ao cliente (CAMV). O apoio técnico é uma das maiores vantagens para o MV que usufrui dum serviço de LR: quer na escolha prévia ou posterior de testes a realizar para a obtenção de um diagnóstico; quer na possibilidade de, em conjunto com a equipa técnica do laboratório, interpretar resultados; ou simplesmente na obtenção de informações sobre análises, colheitas ou amostras. Os contactos entre o MV e a equipa técnica do LR promovem uma relação de confiança essencial para uma boa colaboração.
A questão dos tempos de resposta, considerada por muitos uma desvantagem dos LR, está em muitos casos ultrapassada, dado que a maioria destes consegue fornecer uma resposta no dia para análises mais rotineiras como por ex: hematologia, bioquímica ou urianálise ou mesmo noutras como o despiste de doenças infecciosas, endocrinologia ou citologias.
Referências:
ANTECH Diagnostics Newsletters, July and September 2011
Insight into in-clinic and laboratory Hematology Diagnostics, Urs Giger
Small Animal Clinical Diagnosis by Laboratory Methods (Fourth Edition), Harold Tvedten and Jennifer S. Thomas
BSAVA Canine and Feline Clinical Pathology, 2nd edition, Joan Duncan
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
A colheita de material e o diagnóstico em Anatomia Patológica
Artigo da autoria de:
Justina Prada Oliveira, DVM, MsC, PhD
Isabel Cristina Ribeiro Pires, DVM, MsC, PhD
Departamento de Ciências Veterinárias da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
A Anatomia Patológica é a especialidade médico-veterinária responsável pela análise morfológica dos órgãos e tecidos com o intuito de contribuir para o diagnóstico, tratamento, prognóstico e até prevenção das doenças.
Garantir a precisão desses resultados é importante não só do ponto de vista de diagnóstico, mas também no intuito de impedir a frustração inerente de quando o esforço de recolha e envio de amostras não produz resultados interpretáveis.
O sucesso do diagnóstico anatomopatológico depende de todos os intervenientes nos processos de recolha, preservação, envio e processamento do material. Assim, existem algumas regras de recolha de amostras que, ainda que bastante simples, quando não efectuadas correctamente podem inviabilizar o resultado final: o diagnóstico.
Sempre que possível, a lesão deve ser enviada na sua totalidade. Quando o tamanho desta não permitir o seu envio completo, a amostra deve ser representativa e incluir a transição entre a lesão e o tecido são, evitando as áreas de necrose ou hemorragia. No caso de biópsias de diferentes orgãos (fígado, rim, próstata...) obtidas por tru-cut, devem ser enviados 3 a 4 fragmentos, com 2 a 3 cm de comprimento total. No caso do gânglio linfático é preferível a biópsia incisional, que permite avaliação do parênquima e da cápsula do orgão.
A colheita e manipulação da amostra devem ser cuidadas. O corte deve ser preciso e efectuado de uma vez só, evitando-se a compressão dos tecidos. No caso de amostras de grandes dimensões dever-se-ão efectuar alguns cortes para permitir uma melhor fixação, sem, no entanto, individualizar por completo os fragmentos.
A fixação deverá ser imediata após a colheita. O material deve ser imerso em formol a 10%. Este obtêm-se diluindo-se 1 parte duma solução de formol comercial (a 40%) em 9 partes de água destilada.
As peças deverão ser introduzidas, sem qualquer esforço, em frascos de boca larga, que permitam fecho hermético, contendo previamente o fixador, que deve submergir completamente a peça. Poderá ser útil usar um pouco de gaze à superfície, em peças que flutuam, ou no fundo do frasco, para evitar que as peças colem ao mesmo.
O frasco contendo a amostra deverá ser identificado com tinta indelével e acompanhado pela informação clínica. Esta deverá incluir, não só a identificação do animal e do Médico Veterinário, mas também todos os dados considerados relevantes para o diagnóstico. A suspeita clínica é de suma importância, permitindo orientar a resposta de acordo com as suspeitas do médico veterinário.
A anatomia patológica pode ser de grande valor no estabelecimento de um diagnóstico, dependendo no entanto de um número de fatores que podem impossibilitar o mesmo. Ao patologista apenas é dada a ver uma pequena porção do animal, dependendo este da informação clínica e da correta manipulação do material para conseguir interpretar o mesmo e dar uma resposta útil para o clínico e para o animal.
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