quarta-feira, 21 de março de 2018

Novo método diagnóstico do Tétano: Toxinotipo de Clostridium tetani com identificação das toxinas tetânicas de A a F



Artigo da autoria de:
Ricardo Lopes, DVM
Laboratório Veterinário INNO
geral@inno.pt


O tétano é uma doença infeciosa causada por uma neurotoxina, formada durante o crescimento vegetativo da bactéria Clostridium tetani, que é um bacilo gram positivo, flagelado, não encapsulado, anaeróbio e produtor de esporos que podem sobreviver durante meses a anos.

A infeção desenvolve-se quando os esporos tetânicos contaminam feridas ou são inoculados por lesão penetrante com material contaminado. As toxinas, como a tetanospasmina, penetram nos axónios dos nervos motores, próximo da junção neuromuscular e ascendem por transporte intra-axonal retrógrado ao corpo neuronal na medula espinhal. Uma vez na medula, as toxinas ascendem bilateralmente até ao cérebro, migrando numa taxa de 75-250mm por dia. A tetanospasmina inibe a libertação dos neurotransmissores glicina e ácido gama-aminobutírico (GABA), responsáveis pelas respostas neuronais inibitórias, resultado em hiperexcitabilidade do sistema nervoso central (SNC). Com o progredir da infeção, há também a inibição dos neurotransmissores do centro inibitório parassimpático cardíaco, resultando no aumento do estímulo vagal. Os sinais clínicos desenvolvem-se geralmente em 5 a 10 dias, após infeção, sendo a progressão tanto mais rápida quanto mais proximal for a inoculação do SNC, ou quando a carga bacteriana é elevada.

Os cães e gatos apresentam resistência natural aos efeitos da toxina tetânica, quando comparados com outras espécies, especialmente o Homem e os equinos. Esta resistência deve-se à incapacidade da toxina em penetrar e ligar-se ao tecido nervoso. Contudo animais jovens e cães de raças grandes são mais comummente afetados.

O diagnóstico confirmatório é difícil, uma vez que a prova cultural do agente é bastante morosa e exige condições estritas de anaerobiose durante períodos prolongados, de no mínimo 12 dias. Para além de que a concentração do agente, sendo normalmente baixa nos tecidos infetados, dificulta a confirmação cultural.

Não havendo, neste momento, outros métodos de diagnóstico disponíveis, os testes moleculares tornam-se essenciais para a identificação das toxinas produzidas pelo agente e para confirmar a doença. Desta forma, apresentamos um novo método diagnóstico do tétano.

Para qualquer esclarecimento adicional, contacte o nosso laboratório.

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