sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Tumores felinos mais frequentes – Uma abordagem racial em um estudo retrospectivo de 10 anos



Artigo da autoria de:
Andreia Garcês1, Leonor Delgado2, Paula Brilhante Simões2, Isabel Pires3,4, Felisbina Queiroga13, Justina Prada3,4
1 CITAB- Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal
2 INNO Laboratório, Serviços especializados em veterinária, Braga, Portugal
3 Departamento de Ciências Veterinárias da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal
4 CECAV - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal
geral@inno.pt


O cancro é uma doença comum em gatos, apesar de ser menos comum do que se tem vindo a observar em cães (Cannon, 2015). É um processo de várias fases e com uma etiologia multifatorial, como químicos, vírus oncogénicos, genética, hormonas e outros (Graf et al., 2016). Semelhante ao que já foi observado em cães, algumas raças de gatos puros parecem ter uma maior predisposição genética para desenvolver determinados tipos de tumores, provavelmente ligados à transmissão de genes anormais que são uma condição prévio para a transformação celular maligna, influenciando direta ou indiretamente os genes supressores de tumores e oncogenes (Davis e Ostrander, 2014).

Este estudo preliminar trata-se de uma pesquisa retrospetiva e descritiva que se baseou nos registos de 10 anos de diagnóstico de tumores em gatos fornecidos por um laboratório veterinário situado em Portugal. Os dados recolhidos incluíram os registos de diagnóstico de amostras produzidas por dois métodos de diagnóstico diferente: o exame post mortem e a biópsia, todas derivadas de exames microscópico. Apenas a informação relacionada com a raça e a localização do tumor nos diferentes órgãos foi utilizada. A classificação do tumor foi baseada na Classificação Internacional da OMS de Tumores de Animais Domésticos em 17 categorias diferentes (Meuten, 2017). Os tumores incluídos neste estudo tiveram origem na pele, tecidos moles, ossos, articulações, músculo, aparelho digestivo, glândulas endócrinas, olhos, aparelho genital, aparelho hemolinfático, fígado e vesícula biliar, glândula mamária, sistema nervoso, aparelho respiratório e aparelho urinário.

Foram analisados um total de 2785 gatos diagnosticados com tumores, de 8 raças diferentes: europeu de pelo curto (1788, 64,2%), maine coon (2, 0,10%), bosque da noruega (28, 1,0%), gato oriental de pelo curto (3, 0,1%), gato persa de pelo longo (152, 5,8%), siamês (170, 6,1%), angorá turco (3, 0,1%) e sem raça definida (629, 22,6%). No gato europeu de pelo curto, 42,2% (n = 755) dos tumores eram de origem mamária, 20,8% (n = 372) eram tumores mesenquimais da pele e tecidos moles e 15,8% (n = 283) eram tumores epiteliais e melanocíticos pele. Nos gatos persas de pelo longo, os tumores da glândula mamária foram os mais comuns 43,4% (n = 66), seguidos pelos tumores epiteliais e melanocíticos da pele (n = 28, 18,4%). O gato bosque da noruega apresentava 35,7% (n = 10) de tumores epiteliais e melanocíticos da pele e tecidos moles e 28,6% (n = 8) de tumores mesenquimais da pele e tecidos moles. No gato siamês, 45,3% (n = 77) eram tumores da glândula mamária e 21,2% (n = 36) tumores mesenquimais da pele e tecidos moles. Nos gatos sem raça definida, 39,4% (n = 248) dos tumores estavam localizados na glândula mamária e 18,0% (n = 113) eram tumores epiteliais e melanocíticos da pele.

Neste trabalho preliminar, os tumores da glândula mamária e os tumores mesenquimais da pele e tecidos moles foram os predominantes na população estudada. Estes estudos baseados numa grande quantidade de amostras recolhidas durante longos períodos de tempo, são importantes para entender a situação dos tumores felinos em Portugal. Os resultados atuais podem ser altamente úteis para informar melhor os clientes, diagnóstico e tratamento precoces de tumores felinos e também contribuem para a oncologia comparativa de humanos e animais de companhia.



Bibliografia consultada:

1 - Cannon C. Cats, Cancer and Comparative Oncology. Vet Sci 2015;2:111–26.
2 - Davis BW, Ostrander EA. Domestic dogs and cancer research: A breed-based genomics approach. ILAR J 2014;55:59–68.
3 - Graf R, Grüntzig K, Boo G, Hässig M, Axhausen KW, Fabrikant S, et al. Swiss Feline Cancer Registry 1965-2008: The Influence of Sex, Breed and Age on Tumour Types and Tumour Locations. J Comp Pathol 2016;154:195–210.
4 - Meuten D, editor. Tumors in domestic animals. 5th edition. Ames, Iowa: John Wiley & Sons Inc; 2017.
5 - Todorova I. Prevalence and Etiology of the Most Common Malignant Tumours in Dogs and Cats. Bulg J Vet Med 2006;9:85–98.

Tumores caninos mais frequentes - Uma abordagem racial em um estudo retrospectivo de 10 anos



Artigo da autoria de:
Andreia Garcês1, Leonor Delgado2, Paula Brilhante Simões2, Isabel Pires3,4, Felisbina Queiroga13, Justina Prada3,4
1 CITAB- Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal
2 INNO Laboratório, Serviços especializados em veterinária, Braga, Portugal
3 Departamento de Ciências Veterinárias da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal
4 CECAV - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal
geral@inno.pt


O cancro é uma doença comum em cães e representa uma das principais causas de mortalidade canina. Animais sem raça definida e de raça pura podem ser afetados (Komazawa et al., 2016). Embora a etiologia da maioria dos tumores seja provavelmente de origem multifatorial, algumas raças de cães com pedigree aparentam ter um maior risco para determinado tipo de tumores (Dobson, 2013; Grüntzig et al., 2016). Neste trabalho, o nosso objetivo foi determinar quais os tumores mais frequentes nas diferentes raças de cães existentes em Portugal.

Este estudo preliminar trata-se de uma pesquisa retrospetiva e descritiva que se baseou nos registos de 10 anos de diagnóstico de tumores em cães fornecidos pelo Laboratório INNO. Os dados recolhidos incluíram os registos de diagnóstico de amostras produzidas por dois métodos de diagnóstico diferente: o exame post mortem e a biópsia, todas derivadas de exames microscópico. Apenas a informação relacionada com a raça e a localização do tumor nos diferentes órgãos foram utilizadas. A classificação do tumor foi baseada na Classificação Internacional da OMS de Tumores de Animais Domésticos em 17 categorias diferentes (Meuten, 2017). Os tumores incluídos neste estudo tiveram origem na pele, tecidos moles, ossos, articulações, músculo, aparelho digestivo, glândulas endócrinas, olhos, aparelho genital, aparelho hemolinfático, fígado e vesícula biliar, glândula mamária, sistema nervoso, aparelho respiratório e aparelho urinário.

Foram analisados no total 10781 cães diagnosticados com cancro, de 88 raças diferentes. As raças predominantes foram: cães de raça não definida (4291, 39.8%), labrador retriever (1010, 9.4%), cocker spaniel inglês (469, 4.4%), pastor alemão (365, 3.4%), husky siberiano (276, 2.6%), yorkshire terrier (277, 2.6%), golden retriever (274, 2.5%), pinscher miniatura (131, 1.2%) e o pitbull terrier americano (116, 1.1%).

Nos cães de raça não definida, 32.6% (n=1398) dos tumores tiveram origem na glândula mamária e 21.3% (n=912) eram tumores epiteliais e melanocíticos da pele. Nos huskies siberianos 31.9% (n=88) eram tumores epiteliais e melanocíticos da pele e 24.6% (n=68) tumores da glândula mamária. No yorkshire terrier 21.3% (n=59) eram tumores epiteliais e melaníticos da pele e 44.4% (n=123) tumores da glândula mamária. O cocker spaniel inglês observou-se que 32.9% (n=154) eram tumores da glândula mamária e 27.3% (n=128) tumores epiteliais e melanocíticos da pele. No pastor alemão 35.1% (n=128) dos tumores eram da glândula mamária e 25.2% (n=92) tumores epiteliais e melanocíticos da pele. No golden retriever 27.4% (n=75) dos tumores eram epiteliais e melanocíticos da pele e 16.4% (n=45) da glândula mamária. No labrador retriever 23.0% (n=232) dos tumores eram epiteliais e melanocíticos da pele e 20.7% (n=209) tumores mesenquimatosos da pele e tecidos moles.

Neste trabalho podemos observar que os tumores epiteliais e melanocíticos da pele são os predominantes, seguidos de tumores mesenquimatosos da pele e tecidos moles e glândula mamária. Poucos estudos desta magnitude foram publicados, fazendo deste trabalho uma importante contribuição para a epidemiologia de tumores caninos. Para além disso, os resultados apresentados podem também ser uma contribuição para o campo da oncologia comparada.


Bibliografia consultada:

1 - Anfinsen KP, Grotmol T, Bruland OS, Jonasdottir TJ. Breed-specific incidence rates of canine primary bone tumors - a population based survey of dogs in Norway. Can J Vet Res 2011;75:209–15. 
2 - Dobson JM. Breed-Predispositions to Cancer in Pedigree Dogs. ISRN Vet Sci 2013;2013:1–23.
3 - Grüntzig K, Graf R, Boo G, Guscetti F, Hässig M, Axhausen KW, et al. Swiss Canine Cancer Registry 1955–2008: Occurrence of the Most Common Tumour Diagnoses and Influence of Age, Breed, Body Size, Sex and Neutering Status on Tumour Development. J Comp Pathol 2016;155:156–70. 
4 - Komazawa S, Sakai H, Itoh Y, Kawabe M, Murakami M, Mori T, et al. Canine tumor development and crude incidence of tumors by breed based on domestic dogs in Gifu prefecture. J Vet Med Sci 2016;78:1269–75. 
5 - Meuten D, editor. Tumors in domestic animals. 5th edition. Ames, Iowa: John Wiley & Sons Inc; 2017.
 

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